Nossa mente distorcida
Essa semana sugerimos o texto (
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visão de mundo a partir de nossos preconceitos e ao nos agarrar a essas visões nos afastamos da felicidade.
Ele diz que às vezes nós tomamos algo como verdadeiro, como a
verdade absoluta. Apegamos-nos àquilo; não conseguimos mais liberá-lo. E por isso ficamos emperrados. Mesmo quando a verdade chega pessoalmente batendo a nossa porta, nós recusamos abri-la. Nosso apego às nossas visões é um dos maiores
obstáculos a nossa própria felicidade.
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Carta do Monge Samuel para a Sangha do Brasil
Olá amigos,
No dia 21 de novembro de 2009 fui ordenado como monge noviço em Plum
Village, França, na tradição do ven. Thich Nhat Hanh.
A cerimônia foi simples e leve, entremeada por pequenos descuidos que a
tornaram mais leve e bem humorada ainda. Sei que para os europeus isso
soa estranho, por que eles adoram atividades muito formais e sem a
presença do acaso, mas para nós, brasileiros, tudo isso é muito bem
vindo e me faz sentir mais em casa ainda...
Fui ordenado com mais dez amigos (seis homens e quatro mulheres, um do
Canadá, dois da França, um estadunidense, dois vietnamitas, uma
japonesa, uma holandesa, um alemão e uma chinesa - e eu do Brasil), no
mesmo dia, vinte vietnamitas foram ordenados via internet.
Thay deu a essa família o nome de Lótus Cor-de-Rosa (já houve
famílias com o nome de Lótus Branca e Lótus Dourada).
Essa família tem algumas características especiais, como diversidade de
países e a idade (a maioria se situa na faixa dos 30 a 40 anos, um pouco
velha para o costume).
Apesar dos muitos altos e baixos durante o período de aspirante, estou
feliz com a minha escolha. Plum Village ainda é marcadamente européia,
norte-americana e asiática, então espero tornar mais estreita a ligação
entre Plum Village e o Brasil e a América Latina e enriquecer a
diversidade cultural que é a marca dessa tradição.
Gostaria de destacar dois fatos que considero sintomáticos:
O primeiro foi que o monge responsável pela distribuição das roupas não
sabia meu nome e como eu não estava no quarto na hora em que ele trouxe
o meu hábito de aspirante, ele apenas escreveu num pedaço de papel
"Brazil". Como único brasileiro e latino-americano desta comunidade
senti nesse momento o peso da minha escolha e o impacto dessa escolha na
vida da comunidade e, talvez, alguma expectativa também deles em relação
a mim. Mas, é claro, uma das práticas aqui é não ter expectativas...
O segundo foi durante a ordenação, quando Thay pronunciou o meu nome de
dharma monástico, Pháp Giang. Para os que não sabem 'Pháp' em
sino-vietnamita quer dizer 'Dharma' (e em vietnamita moderno quer dizer
França) e 'Giang'(pronuncia-se aproximadamente como Young em inglês, ou
iang) significa 'Rio' - ou seja, Rio de Dharma. Para mim foi uma grande
e agradável surpresa. Tendo vivido na Amazônia por muitos anos, quando
ele disse esse nome, senti o rio Amazonas correr dentro de mim e me
senti realmente como um rio. Mas sei que é um desafio ser realmente um
rio, como nas metáforas que o Buda usou para expressar algo que a tudo
abraça e a tudo transforma.
Interessante também ver que recebi o meu
sanghati, hábito para grandes
cerimônias formais, de um monge theravada da tailândia, T. Pittaya, e
que agora mora em Plum Village permanentemente. O Ricardo Sasaki sabe o
quanto tenho apreço pelo budismo theravada e o quanto aprecio que o
budismo praticado em Plum Village tenha uma mistura interessante com
essa tradição, então foi com muito bom gosto que recebi de suas mãos.
Nesse período em que permaneci aspirante aprendi a duras penas a largar
minha expectativas em relação a mim e em relação à comunidade e a não
tentar pensar demais se serei um bom monge ou mesmo se serei um monge
por toda vida...o que importa é o presente e no presente farei o melhor
possível para mim e utilizando os elementos da nossa cultura para
expressar esse melhor - não posso esquecer, e isso não é possível, que
sou um monge cearense, de Quixeramobim, a maior parte de minhas raízes
está lá, trago dentro de mim o mandacaru e suas flores, a seca, a
caatinga, a esperança de chuva, minha fala nordestina e muitos
maneirismos dos meninos do interior do sertão e isso será,
provavelmente, minha contribuição à diversidade cultural de Plum
Village.
Agradeço a todos e todas que torceram por mim, direta ou indiretamente,
ou que simplesmente se alegraram por saber que há um pedaço de Brasil
nesta grande comunidade.
Samuel / Pháp Giang
Aniversário da Sangha Caminho do Interser
A Sangha Caminho do Interser que se localiza no
Méier, Rio de Janeiro, está completando
um ano de atividades nesse dia 18 de dezembro. Todos estão convidados para a prática nesse dia que se realizará no local habitual de reunião da Sangha na
rua Oldegard Sapucaia, n.6, grupo 201 e 203. Fica na Estação do Méier em frente ao Banco do Brasil. Se você quiser mais informações pode ligar para 9867-6584 ou 3272-8471.
Parabéns em especial ao
Marco Sampaio, coordenador da Sangha, pela perseverança e determinação com a qual sustenta os trabalhos do grupo.
Montanha sólida
Inspirando, vejo-me como uma montanha.
Expirando, sinto-me sólida.
A montanha representa a solidez, a estabilidade.
Existe uma montanha dentro de você porque
quando você pratica sentado e andando
você pode desenvolver a capacidade de ser sólido; estável.
Solidez e estabilidade são muito importantes à nossa felicidade.
E sabemos que temos a capacidade de sermos estáveis, sólidos.
E se soubermos praticar caminhando conscientemente
ou sentando conscientemente ou respirando conscientemente,
nós cultivamos nossa solidez, nossa estabilidade.
Então esta é a montanha dentro de nós.
-Thich Nhat Hanh (do livro "Pebble meditation")