Quinta, 17 de março de 2011


Sem lama, sem lótus



No texto sugerido desta semana (clique aqui) Thich Nhat Hanh ensina que as pessoas tendem a achar que seu verdadeiro lar é um lugar onde não há sofrimento, apenas felicidade. Mas este pensamento vai contra a sabedoria do interser. Não podemos fazer crescer uma flor de lótus sem lama. Para cultivar vegetais, precisamos composto. Qualquer jardineiro orgânico sabe por que guardamos os restos da nossa comida e o lixo do jardim. Este lixo é orgânico e com ele podemos fazer composto para nutrir flores e vegetais. Sofrimento e felicidade são também orgânicos. Podemos transformá-los em bem-estar. Este é o ensinamento do Buda sobre não-dualidade.

Ele diz também que a flor de lótus não é possível sem a lama. Entendimento e compaixão não são possíveis sem sofrimento. Ele diz que nunca gostaria de estar em um lugar onde não houvesse sofrimento, porque em tal lugar não teria a chance de aprender como entender e ser compassivo. É tocando o sofrimento que temos a chance de entender as pessoas e seu sofrimento. É entendendo nosso próprio sofrimento e o sofrimento dos outros, que começamos a saber o que é ser compassivo. É apenas contra o pano de fundo do sofrimento que podemos reconhecer nossa felicidade.

Após ler o texto (clique aqui) divida conosco seu insight em nosso blog. Basta clicar aqui.

Caminhada Meditativa no Jardim Botânico



Neste domingo, dia 20 de março, às 9:30hs no Jardim Botânico do Rio de Janeiro haverá caminhada meditativa nesse lindo cartão postal do Rio de Janeiro. O ponto de encontro será a bilheteria do parque. Nessa caminhada haverá presença de reporter do Jornal O Globo que estará entrevistando e tirando fotos dos participantes para a matéria de capa de um caderno especial que sairá em abril. Sua presença é importante para que divulguemos esta prática e seus benefícios a muitos no Rio de Janeiro. Participe.

Mensagem de Thich Nhat Hanh ao povo japonês



Queridos Amigos no Japão,

Ao observarmos o grande número de pessoas que morreu nesta tragédia, podemos sentir fortemente que nós mesmos, de certa forma, também morremos.

A dor sentida por uma parte da humanidade é a dor de toda a humanidade. E a espécie humana e o Planeta Terra são um único corpo. O que acontece com uma parte do corpo afeta todo o corpo.

Um evento como este nos remete à natureza impermanente de nossas vidas. Ajuda-nos a lembrar que nada é mais importante que amarmos uns aos outros, estando presente para o outro e vendo a preciosidade de cada momento em que estamos vivos. Isto é o melhor que podemos fazer por aqueles que morreram: vamos viver da melhor forma possível para que eles possam continuar vivos, com toda beleza, dentro de nós.

Aqui na França e em nossos centros de prática espalhados pelo mundo, nossos irmãos e irmãs continuarão oferecendo cânticos e enviando-lhes a energia da paz, da cura e proteção. Nossas orações estão com vocês.

- Thich Nhat Hanh

Se eu morresse hoje...



Um dia em 1981, vendo o quanto eu estava absorvida enrolando pacotes para crianças famintas no Vietnã, Thay Nhat Hanh me perguntou: “Se você morresse hoje a noite, estaria preparada?” Ele disse que devemos viver nossas vidas de forma que se morrermos de repente, não tenhamos nada a lamentar. “Chan Khong você tem que aprender a viver livre como as nuvens ou a chuva. Se você morrer hoje a noite, não deveria sentir nenhum medo ou lamento. Você se tornará alguma coisa diferente, tão maravilhosa como é agora. Mas se você lamentar perder sua forma atual, não estará liberada. Ser liberada significa perceber que nada pode te obstruir, te impedir, mesmo enquanto cruza o oceano do nascimento e morte.”

Suas palavras me perfuraram e eu permaneci em silêncio por vários dias. Não, eu não estava preparada para morrer. Meu trabalho era minha vida. Eu tinha encontrado meios de ajudar as crianças famintas, apesar das dificuldades, e estava feliz de novo. Se eu morresse de repente, quem continuaria esse trabalho?

Eu contemplei muitas questões práticas como essa, enquanto seguia cada inspiração e cada expiração. Eu não estava exatamente tentando achar a solução. Eu sabia que a habilidade de achar uma estava em mim e quando eu estivesse calma o suficiente, uma resposta se revelaria por si. Portanto eu continuei a respirar e sorrir, e alguns dias depois, eu realmente vi a solução. Eu sabia que a única maneira que me permitiria morrer em paz seria se eu renascesse em outros que desejassem fazer o mesmo trabalho.

Então minha aspiração poderia continuar mesmo se esse corpo falecesse. Eu pensei sobre os jovens que vinham para praticar plena atenção com Thay e decidi compartilhar com eles minhas experiências e desejos profundos sobre ajudar pessoas que sofrem. Eu os ensinaria como escolher remédios, como embrulhar pacotes, como escrever cartas pessoais aos pobres, e como manter os ocidentais em contato com o sofrimento das pessoas no Vietnã. Alguns jovens ficaram inspirados a começar seus próprios comitês, e hoje há trinta e oito comitês para crianças famintas. Se eu morrer hoje a noite de acidente de carro ou de ataque cardíaco, estas trinta e oito reencarnações me permitirão morrer em paz.

-Irmã Chan Khong