Quinta, 12 de maio de 2011


A prática de visitar o Buda



Thich Nhat Hanh neste texto (clique aqui) te oferece uma prática inicialmente pensada para crianças mas que serve muito bem para adultos também: a prática de visitar o Buda

O Buda está dentro de você, o real Buda. O Buda que você vê nos templos é um Buda, mas feito com gesso ou outro material, não é um Buda real. Quando você se curva àquele Buda, se curvar-se corretamente, você tocará o Buda interno. Um Buda real não é feito de cobre ou ouro ou gesso - um Buda real é feito com consciência. Consciência leva ao entendimento, à paz, e ao amor. Assim, curve-se ao Buda de tal modo que você toque o Buda interno, e saiba que o Buda não é algo abstrato, é a sua consciência.

Leia o texto e conheça essa ótima prática para você colocar no seu dia a dia. Compartilhe seus insights sobre o texto (clique aqui) conosco em nosso blog. Basta clicar aqui.

Retiro com Monja Coen no Rio



Nos dias 3, 4 e 5 de junho haverá no Rio retiro com a monja Coen. O retiro será realizado na Comunidade Zen Budista Soto-Shu no Largo das Neves 10 em Santa Teresa. Informações pelo e-mail: zendobrasilrio@gmail.com ou pelo telefone (21) 9613.5656 (falar com Bárbara).

No dia 5 de junho, domingo, às 18hs, no mesmo local, haverá palestra de Dharma da monja aberta ao público e dedicada ao Dia Mundial do Meio Ambiente. A entrada será R$ 45,00.

A Força do Hábito



O objetivo da meditação é olhar profundamente para dentro de algo e ver suas raízes. Não importa a ação – se olharmos profundamente para dentro dela, conseguiremos reconhecer a semente dessa ação. Essa semente pode vir de nossos ancestrais. Não importa a ação: nossos ancestrais estão agindo ao mesmo tempo que nós. Neste sentido, seu pai, avô e bisavô estão agindo com você. Nossos ancestrais estão em cada célula de nosso corpo. Algumas sementes são plantadas ao longo de sua vida, enquanto outras foram plantadas antes de você ter se manifestado neste corpo.

Às vezes agimos sem intenção, mas nem por isso deixamos de agir. É a “força do hábito” nos empurrando, levando-nos a fazer coisas sem nos darmos conta. Às vezes fazemos algo sem saber o que estamos fazendo. Mesmo quando não queremos fazer algo, acabamos fazendo. Às vezes dizemos, “Não tive a intenção, mas foi mais forte que eu. Quando vi, já tinha feito.” É uma semente, uma força do hábito que pode ter vindo de muitas gerações passadas.

Herdamos muitas coisas. Com a plena consciência, podemos nos conscientizar da força de hábito que nos foi transmitida. Talvez possamos perceber que nossos pais ou avós também tiveram fraquezas semelhantes às nossas. Podemos nos dar conta, sem julgar, que nossos hábitos negativos vêm dessas raízes ancestrais. Podemos sorrir para nossas deficiências, para nossa força do hábito. A consciência nos dá a opção de agirmos de outra forma. Podemos cessar o ciclo do sofrimento neste exato momento.

É possível que no passado tenhamos feito coisas sem intenção – talvez algo que herdamos – e acabamos nos culpando. Vimo-nos como um indivíduo, um self isolado, cheio de defeitos. Porém, com consciência, podemos começar a nos transformar e a nos libertar dessas forças do hábito.

Com a prática da plena consciência, percebemos quando o hábito acontece. Esta é a primeira conscientização gerada pela plena consciência. Em um segundo momento, se tivermos interesse, a plena consciência e a concentração nos ajudarão a investigar e a identificar as raízes de nossa ação. Tal ação pode ter sido inspirada por algo que aconteceu ontem ou há trezentos anos, com raízes em um de nossos ancestrais. Uma vez cientes de nossas ações, poderemos decidir se essas raízes são benéficas ou não e, se não forem, não a repetiremos. Se nos dermos conta das forças do hábito dentro de nós e se pudermos praticar a intenção correta em nossos pensamentos, palavras e ações, a transformação ocorrerá não apenas em nós, mas nos ancestrais que plantaram as sementes em nós. Praticamos por todos os nossos ancestrais e descendentes, não apenas por nós; praticamos para o mundo todo.

Se conseguirmos sorrir frente a uma provocação, poderemos nos conscientizar de nossa habilidade, valorizá-la e prosseguir desta forma. Se pudermos fazer isso, nossos ancestrais também poderão sorrir para aquilo que lhes provoca. Se uma pessoa conseguir manter a calma e sorrir diante de uma provocação, o mundo todo terá melhores chances de viver em paz. O importante é estar consciente de suas ações. Nossa plena consciência nos ajudará a compreender a origem de nossas ações.

-Thich Nhat Hanh, (em “Reconciliation – Healing the Inner Child”). Trad. Denise Kato

Sinfonia



O que foi dito [sobre o Zen] é, de muitas maneiras, muito semelhante à arte de ouvir música; se pararmos para considerar nossa reação intelectual ou emocional em relação a uma sinfonia enquanto ela estiver sendo executada, para analisar a construção de um acorde ou nos determos num compasso particular, perde-se a melodia. Para ouvir toda a sinfonia temos que nos concentrar no fluxo das notas e das harmonias à medida que soam, mantendo nossa mente sempre no mesmo ritmo. Pensar sobre o que se passou, imaginar o que virá ou analisar seu efeito sobre nós é interromper a sinfonia e perder a realidade.

Toda a atenção deve ser dirigida à sinfonia, e devemos nos esquecer de nós mesmos; se qualquer tentativa consciente for feita para nos concentrarmos na sinfonia, a mente é levada à deriva pelo pensamento em si mesmo, tentando se concentrar. Foi por esta razão que Chao-Chou contou ao monge que se tentasse entrar em contato com o Tao, afastar-se-ia dele.

-Alan Watts (do livro "O espírito do Zen")