Domingo, 8 de fevereiro de 2015

A prática de deixar ir



Uma das práticas mais importantes para nossa felicidade é a prática de soltar, de deixar ir. O apego se manifesta não só a bens materiais e pessoas mas também a ideias. Ideias de como as coisas são ou deveriam ser. Essas talvez sejam as mais difíceis de soltarmos porque nem sempre percebemos o quanto somos apegados ao nosso modo de ver o mundo, ao nosso modelo mental. Esquecemos que nossa visão é parcial e as idéias que temos nunca são a verdade absoluta e por isso nos agarramos a elas.

Thich Nhat Hanh no texto selecionado(clique aqui) diz que talvez você também seja prisioneiro de sua própria noção de felicidade. Há milhares de caminhos que levam à felicidade, mas você aceita somente um. Não considerou outros caminhos porque pensa que o seu é o único. Você seguiu este caminho com toda a sua força e, portanto os outros caminhos, os milhares de outros caminhos permaneceram fechados para você.

Solte! Experimente aceitar que as coisas podem ser diferentes. Esteja aberto, flexível. Ouça com todo o seu ser e permita que o insight brote em você. Você poderá ter uma boa surpresa. Leia (clique aqui) e depois se quiser divida seus insights em nosso blog. Basta clicar aqui.



O homem santo



Boatos espalharam-se por toda a região acerca de um sábio Homem Santo que vivia em uma pequena casa sobre a montanha. Um homem da vila decidiu fazer a longa e difícil jornada para visitá-lo. Quando chegou na casa, olhando pela janela viu um simples velho lá dentro que o recebeu, abrindo a porta.

"Eu gostaria de ver o sábio Homem Santo," ele disse. O velho sorriu e permitiu-o entrar.

Enquanto eles caminhavam ao longo da casa, o homem da vila olhava ansiosamente em torno, antecipando seu encontro místico com um ser humano de poderes sobrenaturais, considerado um verdadeiro santo. Mas antes que pudesse dar pela coisa, ele já havia percorrido a extensão da casa, e fora levado para fora. Ele parou atônito e voltou-se para o velho: "Mas eu quero ver o grande Homem Santo!"

"Já o fez," disse o velho. "Todos que você encontra em sua vida, mesmo se eles pareçam simples e insignificantes... veja cada um deles como um sábio santo. Se fizer deste modo, então quaisquer que sejam os problemas que você trouxe aqui hoje, serão resolvidos..." E fechou a porta.
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Comentário: A vida é um grande mestre. A cada momento, se tivermos olhos para ver, temos encontros que podem mudar a forma como percebemos a existência. Tantas boas pessoas passam por nossos caminhos. Tantas palavras doces, tantos gestos de fraternidade, sorrisos e exemplos são presenteados a nós por pessoas comuns, simples, sem qualquer sinal sobrenatural que corrobore nossa ideia de como a sabedoria deveria ser ensinada.

E no entanto, deixamos passar. Atravessamos cegos todo o caminho, e perdemos a oportunidade. Míopes para o verdadeiro ensinamento, buscamos curas milagrosas, seres divinos, poderes transcendentais. Mas o grande ensinamento não é supra-humano, é apenas sutilíssimo.

Enquanto nos deixamos hipnotizar por levitações, telepatias, múmias budistas de 200 anos que abrigam ilusões de imortalidade, extraterrestres e gurus de nova era, perdemos a chance de aprender com as pessoas que realmente importam.

Pratique o correto discernimento, abra seus olhos. Não se deixe enganar por mágicas sem valor. E se você realmente conseguir superar suas próprias fantasias, a clareza de sua aprendizagem será insuperável.

- Monge Komyo

Inimigos



Quando não gostamos de alguém é geralmente porque eles desafiam nossa identidade fixa. Ficamos desconfortáveis na sua presença porque eles não nos confirmam do modo como gostaríamos de ser confirmados, e portanto não podemos funcionar da maneira como gostaríamos.

Muitas vezes pensamos nas pessoas que não gostamos como nossos inimigos, mas, na verdade, eles são muito importantes para nós. Eles são os nossos maiores mestres: mensageiros especiais que aparecem apenas quando precisamos deles, para salientar a nossa identidade fixa. O desconforto associado com falta de algo sólido, com a ambiguidade fundamental do ser humano, vem do nosso apego a querer que as coisas sejam de uma certa maneira.

- Pema Chodron